Thursday, March 15, 2007

Encerrados numa caixa escura?






Dia 8 de Março vivemos mais um dia internacional da mulher. Alguém perguntava na tv porquê existe um dia da mulher e não há um do homem. A resposta estava na ponta da língua: porque as mulheres lutaram para conquistar direitos iguais aos dos homens, durante séculos reprimidos (e ainda na actualidade), e esta data, particularmente, porque marca o dia em que, em 1857, 130 mulheres em greve morreram queimadas na fábrica onde trabalhavam.
Muito foi feito na emancipação feminina e a todas e todos os protagonistas desta luta estarei eternamente grata pois considero-me, hoje, uma mulher incluída numa sociedade equilibrada (ainda que, em certas áreas, predomine o machismo).
Contudo, não sou, não pretendo ser e não apoio feminismos radicais, desproporcionados, que caem no ridículo e me fazem sentir, de facto, o sexo fraco.
Li hoje numa publicação diária a notícia de que a marca Dolce&Gabbana foi censurada por mais uma das suas campanhas publicitárias provocadoras e arrojadas. Não são propriamente uma novidade, só que desta vez incluía a foto de "um homem em tronco nu a simular um acto sexual com uma mulher prostrada no chão, enquanto mais quatro homens contemplam a cena."
A primeira é uma das fotos da campanha de Outono/Inverno de 2007 da D&G; a segunda é a referida campanha, desta estação, censurada e retirada dos meios de comunicação. Descubram as diferenças. Na primeira vemos 4 mulheres que subjugam um homem, num cenário cheio de troféus de caça, como se de mais um se tratasse. Na segunda vemos 4 homens que subjugam uma mulher deitada no chão.
Igualdade.
Ninguém se esquece que diariamente milhares de mulheres sofrem agressões físicas e psicológicas. Mas há homens que também sofrem. Ninguém discute que o número de agressões a mulheres é consideravelmente superior ao das agressões a homens. Mas então estamos a excluir e menosprezar minorias e isso dar-nos-ia panos para mangas. Para além de que se trata de uma campanha de comunicação de uma marca mundialmente conhecida por repetidas publicidades provocantes e desafiadoras. Fazer o quê?
Deixemo-nos de pormenores que não acrescentam nada. Observemos as coisas de outro perfil. Ao invés de vermos uma mulher roubada nos seus direitos e na sua liberdade, vejamos uma foto com gente bonita, jovem, numa fantasia sexual consentida e divertida. Ou o que a vossa mente permitir, desde que não vos encerre numa caixa minúscula onde não entra a luz da evolução.

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